Hoje em São Paulo, o tempo é tão ruim...
Salve salve minha gente amiga!
A primeira
malaca do ano infelizmente tem um tom de tristeza. É fato que assuntos não
faltam em termos dessa sensação de banzo de fim de feira, mas queremos destacar
este, em solidariedade à cidade que começa 2017 como se estivesse vivendo
apenas pro último suspiro.
Pois esse ano o
aniversário de São Paulo tem tudo
pra ser um dos mais tristes de todos os tempos. Entre tantos e tantos motivos,
um em especial se levanta e chama a atenção pelo absurdo que ocorre sem que
haja reação aparente: os grafites,
manifestações culturais que são a cara da cidade, estão sendo apagados.
Símbolo de uma
cidade, marca de um movimento. Pois assim como a maior metrópole
latinoamericana sofre um duro golpe (como essa gentalha emplumada gosta de um
golpe, pelamordedeus...), o hip hop também assiste chocado e
bestificado uma de suas expressões ser substituída por uma cor tão incolor
quanto o cinzento dos ônibus cariocas, um mau gosto que só não causa mal-estar
em quem está mal-informado.
O mais incrível
é o silêncio dos órgãos culturais da
cidade. Se bem que é possível que a grande mídia PIG, como sempre, esteja
ignorando e abafando ao máximo esse estado de coisas, suprimindo cartas,
moções, etc., trazendo a impressão de que "a cidade que nunca pára"
está a favor do avanço do atraso. Como se fosse tão simples detonar um cartão-postal.
Quando estivemos
em Sampa pela primeira vez, o grafite foi o aperto de mão que trocamos com a
cidade ao conhecê-la. E agora, cortam-lhe os pulsos de forma inclemente.
Aliás, é um
golpe de lâmina enferrujada em quem saiu de sua casa apenas para dar seu recado.
E não foram apenas brasileiros: gente do mundo inteiro veio aqui e deixou sua
obra-de-arte como uma forma de dizer "viva
a cultura de rua!".
Enquanto isso,
alguns aplaudem a barbárie na página
do alcaide recém-empossado, espancam panelas comemorando a morte da arte
marginal, morte mais que criminosa praticada por marginais eleitos, muito mais
nocivos que a marginália que deu cores e formas e alegrias a muros, paredes,
pilares, vigas e outros mais.
"São Paulo e essa gente tão só",
assim cantou Wando, só que nunca o
paulistano se sentiu tão solitário.
"Não existe amor em SP",
assim declarou Criolo, agora só
existe ressentimento.
Garoa virou
dilúvio de lágrimas. O "túmulo do samba" é hoje a cova rasa do grafite.
Triste Sampa.
5 comentários:
No mínimo, muito estranho mestre, que essa marca da cidade (e ferramenta de inclusão social) esteja passando por isso. Estava por fora mestre, vou me inteirar... mas que o grafite volte glorioso com sua irreverência, o quanto antes...
Graffiti é arte. Isso é pacificado por todos.
Hoje, acredito que os artistas brasileiros de maior destaque no mundo (mainstream, underground e alta crítica) são os Gêmeos e o Kobra (ambos graffiteiros).
Portanto, o que passa na cabeça do CEO da capital de SP? Destruir obras de arte? Que me lembre, só quem destruiu arte assim foi o ISIS!
Pra além disso, graffiti é um dos quatro elementos da cultura que nosso mestre Bambaata nos apresentou. Portanto, onde está a comunidade hip hop de SP (que é gigante, influente e poderosa)?!?!?!?!?! Destruir cultura?!?!?!
Outro ponto que não podemos nos esquecer é da pichação. Como seres pensantes, temos que entender o que é a pichação. No RJ, somos mais plurais, mas em SP, pichar é coisa da turma do gueto.
Uma forma de excluídos buscarem distinção e se apropriar dos espaços públicos.
Relembrando uma história: o cara que operava a maquina de xerox do CEFET era um pichador. ali, tirando xerox, era um invisível social. mas ele era o "Vinga", da Seita Hardcore do Spray. O CARA que pichou o relógio da central do brasil. Essa informação transforma um cara invisível num cara que todo mundo conhece.
Outra situação terrivel é a caça aos pichadores. Prender em massa?!?!?!Já não basta o que está acontecendo nos presídios? jogar gasolina em fogueira?!?!?
Como disse, o CEO vem se superando em cretinice e populismo de mau gosto... até cobertor de mendigo ele quer tirar...
Definitivamente, não existe amor em SP...
Retrocessos, olho para todos os lados e só vejo retrocessos. Vale lembrar que aqui no Rio pintaram as coisas do gentileza de cinza! Trata-se de uma perspectiva tacanha de mundo que vem crescendo, junto com os bíblias, MBls, concurseiros (não todos, mas os que defendem a baboseira da meritocracia) e viúvas da ditadura.
Uma tristeza pelo que acontece em São Paulo. Os quadrados e caretas chegaram com o pé na porta. Não há mal que dure para sempre, tomara que haja reação mais firme das pessoas para essa onda escrota passar logo, mesmo com o Dollynho no comando dá prefeitura.
Exato manos... retrocesso... caretas e quadrados no poder... espero que dure pouco... esse cinza cafona, cor predileta dos arquitetos e decoradores dos programas cafonas da GNT... que dixou os onibus do Rio com jeito de caixa de remédio... que deixa SP o avesso do avesso do avesso...
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