Agora, similar
a análise feita para Cuba, postarei
uma feita para a Venezuela.
Entre 2000 e 2002 (antes do PT):
·
Exportação para Venezuela: US$ 882 milhões / ano
(média)
·
Importação de Venezuela: US$ 902 milhões / ano
(média)
·
Saldo: US$ 20 milhões/ano (negativo)
Entre 2003 e 2014 (governo PT antes do
processo de golpe):
·
Exportação para Venezuela: US$ 3,64 bilhões /
ano (média)
·
Importação de Venezuela: US$ 686 milhões / ano
(média)
·
Saldo: US$ 2,95 bilhões/ano
Antes do
governo PT, a balança comercial entre Brasil e Venezuela estava relativamente
equilibrada (pois o volume de exportação e importação eram semelhantes).
Durante o
governo PT, o saldo médio de balança comercial entre Brasil e Venezuela subiu
para o Brasil de forma muito desproporcional. Isso na prática representa uma
entrada de fluxo de capitais para o Brasil da ordem de US$ 3 bilhões por ano
(R$ 9 bilhões/ano).
O Brasil também
financiou várias obras para o governo venezuelano usando o BNDES e algumas
construtoras brasileiras como a Odebrecht, também estavam presentes na
Venezuela.
A Venezuela não
é um pais industrializados como o Brasil e depende da importação de muitos
produtos para manter seu mercado consumidor. Até 2014 de certa forma o Brasil,
durante o governo PT, forneceu produtos industrializados para a Venezuela e
isso foi quebrado após o início de 2014 (segundo mandato de Dilma), que foi
quando se iniciou o boicote ao governo e de certa forma, quando a Lava Jato
começou a bloquear empréstimos do BNDES as construtoras.
O
cenário pós-impeachment
Como o
impeachment se deu no ano de 2016, precisaria ter os resultados consolidados de
2017 para avaliar melhor se houve impacto do impeachment nas relações
comerciais Brasil-Venezuela. No caso específico da Venezuela, pode-se verificar
o seguinte:
Em 2016, o
resultado comercial fechou da seguinte forma:
·
Exportação para Venezuela: US$ 1,28 bilhões /
ano
·
Importação de Venezuela: US$ 415 milhões / ano
·
Saldo: US$ 865 milhões/ano
Em 2015, ano anterior, os resultados
comerciais foram:
·
Exportação para Venezuela: US$ 2,99 bilhões /
ano
·
Importação de Venezuela: US$ 680 milhões / ano
·
Saldo: US$ 2,3 bilhões/ano
Em 2014, ano anterior, os resultados
comerciais foram:
·
Exportação para Venezuela: US$ 4,63 bilhões /
ano
·
Importação de Venezuela: US$ 1,17 bilhões / ano
·
Saldo: US$ 3,46 bilhões/ano
Comparando 2016 (ano do impeachment) com o
ano de 2014, concluímos o seguinte:
·
Exportação para Venezuela caiu 72% (US$ 3,36
bilhões / ano)
·
Importação de Venezuela caiu 64% (US$ 759
milhões / ano)
·
Saldo caiu 75% (US$ 2,60 bilhões/ano)
A exportação de
produtos para a Venezuela, de certa forma, geravam no Brasil algo em torno de
500 mil a 1 milhão de empregos por conta da exportação de produtos fabricados
no Brasil.
O numero que
tenho do BNDES é que a Venezuela recebeu empréstimos do BNDES da ordem de US$
15 bilhões e que seriam pago ao longo dos próximos 20 anos. A mídia
tradicional, quando anuncia isso, usa a palavra “pagou” obras na
Venezuela com dinheiro do BNDES em vez de falar que “emprestou com
juros baixos”. Mas na prática, esses empréstimos foram negociados com juros
baixos em troca da Venezuela comprar produtos e serviços do Brasil.
Essa compra fez
a Balança comercial do Brasil no governo PT disparar para um saldo de US$ 3
bilhões por ano e gerou para o Brasil, nesse período (2003-2015), um superávit
de capitais de US$ 38 bilhões (que seria quase o dobro do que foi emprestado
pelo BNDES)
Durante o
governo PT, o Brasil exportou para a Venezuela US$ 47,3 bilhões (R$ 140
bilhões). Se imaginarmos que 20% do valor exportado foi usado para pagar
impostos (cuja carga tributária no Brasil é da ordem de 50%), estimaríamos que
o governo arrecadou cerca de US$ 9 bilhões em impostos com exportação de
produtos para a Venezuela e na prática, dos US$ 15 bilhões de empréstimos do
BNDES para a Venezuela, já teriam voltado US$ 9,4 bilhões diretamente para o
governo e dado o saldo positivo de balança comercial, indiretamente a Venezuela
já teria pago o empréstimo multiplicado por 2.
Infelizmente,
os acordos comerciais que envolvem as construtoras e o BNDES vai muito mais
além do que valores emprestados e no caso específico da Venezuela, foi muito
vantajoso para o Brasil.
A Venezuela
hoje está com crise de abastecimento e o Brasil está em processo de
desindustrialização. O Brasil, se optasse por fornecer produtos para a
Venezuela, poderia frear um pouco a desindustrialização e o desemprego e
poderia ajudar a Venezuela a acabar com o desabastecimento local. No entanto
por problemas políticos isso não é feito. Porém, caberia ao governo atual falar
a população que está deixando de gerar cerca de 1 milhão de empregos ou mais
porque não quer fazer acordos com a Venezuela.
Esse é o caso
só da Venezuela, agora imagina isso ocorrendo para a América Latina (cerca de
20 países), África (em torno de 15 países) e Oriente Médio (5 países). Quanto a
perda desses mercados representou para o Brasil em entrada de capitais e
geração de empregos. Eu calculei algo da ordem de 3 a 4 milhões de empregos
perdidos após o impeachment só por conta da perda dos mercados onde as
construtoras atuavam junto com o BNDES.
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