domingo, 31 de julho de 2016

a viabilidade do metrô da linha 4

Pesquisando informações referentes ao Metrô da Linha 4, cheguei no seguinte:

Custo Total da Obra: R$ 9,7 bilhões
Quantidade de Passageiros Transportados por dia: 300 mil

Hipótese 1: Considerando que a passagem do Metro seja de R$ 4,00 e não tenha custo operacional
Considerando que seriam 300.000 pessoas (sem considerar gratuidade), o metrô, por dia, arrecadaria:
Por dia: R$ 1,2 milhões
Por mês: R$ 36 milhões (considerando o mês com 30 dias)
Por ano: R$ 432 milhões (considerando o ano com 12 meses de 30 dias)

Tempo para retornar o investimento da Obra: 20,83 anos

Hipótese 2: Considerando que a passagem do Metro seja de R$ 4,00 e que somente 20% do preço da passagem retorne em lucro (80% para cobrir despesas operacionais)

Considerando que seriam 300.000 pessoas (sem considerar gratuidade), o metrô, por dia, lucraria:
Por dia: R$ 240.000
Por mês: R$ 7,2 milhões (considerando o mês com 30 dias)
Por ano: R$ 86,4 milhões (considerando o ano com 12 meses de 30 dias)

Tempo para retornar o investimento da Obra: 104,17 anos

O tempo de retorno do investimento superior 30 anos é considerado inviável para qualquer banco ou fundo de pensão. A obra do metrô da linha 4 deveria ter custado inicialmente cerca de R$ 5 bilhões (e ainda assim seria inviável tecnicamente, pois levaria mais de 50 anos para o retorno do investimento).

Vale o estudo, tirem suas conclusões....

quarta-feira, 27 de julho de 2016

malacanotas 2


malacanews de julho

Salve galera!
Estamos aqui mais uma vez com nossas malacanotas enquanto preparamos o texto maior de sempre e que deve ficar pro mês que vem.
Assuntos diversos, pontos-de-vista variados, fatos ocorridos no mês, etc. A eles.


Rezando a gente se entende

Ficamos sabendo que as religiões afrobrasileiras e o espiritismo não terão um representante no Centro Interreligioso montado na Vila Olímpica, a fim de atender atletas que participarão do evento.
De acordo com o Comitê Rio-16, a escolha das cinco religiões "oficiais" (cristianismo, islamismo, judaísmo, budismo e hinduísmo) se baseou em "resultados históricos de pesquisas feitas pelo Comitê Olímpico Internacional: essas seriam as doutrinas indicadas pela maioria dos atletas".
Entretanto, lideranças espíritas, umbandistas e candomblecistas refutam tal justificativa, alegando que esse era o exato momento em que se deveria haver a visibilidade desses credos, com o objetivo de se enfrentar a grave questão da intolerância religiosa, especialmente porque sabe-se que muitos não professam ou assumem sua fé justamente por temer o olhar preconceituoso dos demais. Ainda mais em se tratando de religiões que são "bem brasileiras" e que estão em constante perseguição por conta de suas práticas "não condizentes" com a normatividade religiosa estabelecida no Brasil.
Durante muitos anos, nos questionamos sobre o porquê de determinadas religiões serem perseguidas e outras nem tanto. Tudo que diz respeito aos três grandes troncos monoteístas gera polêmica, já notaram? E o curioso é que, embora vistos com reservas e parcimônia, outras religiões politeístas, panteístas, etc. já não tem tanta encheção de saco. Talvez pelo fato de que não tem uma representatividade comparável às demais. Ainda assim, é importante observar que não há coincidência alguma quando analisamos também os fenótipos. E que essa "condescendência" em torno de determinadas matizes gera (propositalmente, a nosso ver) essa confusão que estabelece os ódios.
Esses apontamentos explicam em parte por que as religiões do oriente asiático e parte do sudeste asiático (chamada de "orientais") não promovem tanta grita, tanta ojeriza, e em determinados casos, servem até mesmo para corroborar pensamentos de religiões do sudoeste asiático (as ditas mais "ocidentais"), justamente onde os três troncos que mencionamos fincaram suas bases. Tais ramificações religiosas não se constituem como "ameaças ao monoteísmo vigente", antes as "corroboram".
(O curioso é que a filosofia religiosa que conhecemos como "oriental" é anterior às noções de monoteísmo que temos, por exemplo, então em verdade as outras formas de teísmo é que devem ser vistas como "corroborações" – se é que isso seja realmente necessário.)
De qualquer modo, mesmo que pensemos dessa forma, ou seja, que cristianismo, judaísmo e islamismo têm suas estruturas firmes no Oriente Médio (obviamente não é o caso do hinduísmo e do budismo), costumamos dizer que a raiva dessa galerinha preconceituosa e discriminatória (justamente a que "banca" esse tipo de bloqueio a religiões como o comitê fez) é que por mais que se escamoteie seja como for, nunca se retirará da África o local onde essa criança nasceu.
Sim, é fato: se há um laço comum entre esses três pilares do monoteísmo (e podem falsificar a certidão de nascimento à vontade) é que a raiz de tudo que se aprende e lê nos livros considerados sagrados é africanaInegavelmente. E não tem normatividade eurocêntrica e helenista que mude isto.


Um herói improvável?

Na semana retrasada, um fragmento de reportagem nos chamou a atenção para algo que nos faz crer que nem tudo está perdido no mundo da bola. E ao mesmo tempo nos marcou profundamente tanto quanto qualquer golaço de placa ou defesa antológica.
Passando pelos portais de Internet, chegamos ao Esporte Interativo, onde uma criança chorava copiosamente. Era um menino de prováveis 9 anos, português. Ele estava visivelmente transtornado, indignado, porque não tinha conseguido ver de perto seu ídolo que joga na seleção portuguesa. Lembrando que Portugal tinha acabado de conquistar a Eurocopa em cima da anfitriã França.
Ficamos impressionadíssimos com aquele rosto desfigurado por tanta lágrima e tristeza raivosa. Foi muito chocante. Perguntado sobre por que estava naquele estado, ele respondeu de forma dramática: "Porque o Éder foi-se embora e eu tava aqui horas esperando... (...) Era meu jogador favorito, agora não é mais..." O repórter realçou o fato de que o atacante havia sido o herói do jogo ao fazer o gol da vitória, porém o jovem adepto sem meias-palavras disse que "isso não importava mais", já que queria ver o jogador naquele momento.
Sobre por que era fã de Éder (o repórter não teve muito tato ao perguntar isto a nosso ver), o garoto respondeu como qualquer criança responderia: "Eu sou fã dele, fã, eu não sei... Ele é meu herói!" E finalmente, como sempre pode piorar, o infeliz do repórter espezinha a dor da criança ao supor em forma de pergunta que o próprio jogador era culpado pelo que aconteceu. Resposta imediata: "Ó pá, eu não sei, mas eu estava aqui pra tirar fotos o dia inteiro, (...) e assinar um papel para milhares de pessoas... Isso é ridículo...". Cortaram aí a transmissão.
Bem, tivemos de rever esse lance pra poder entender melhor o que de fato estava acontecendo. E o que encontramos foi um vídeo no YouTube. Era na verdade um vídeo replicado pelo EI, a reportagem era do Correio da Manhã, um jornalístico português dos mais polêmicos por lá, pelo que entendemos (teria sido deles o microfone que Cristiano Ronaldo, um dos mais perseguidos negativamente por eles, arremessara pra longe). Éder estava ali pelo local, mas o repórter dava a entender que ele não teria atendido a todos no local (como se tivesse chegado, ficado dez segundos e ido embora). Havia um homem xingando horrores, cheio de raiva, certamente o pai do menino. Atitude considerada lamentável pelo pessoal do EI, pois esse cidadão, em vez de tentar atenuar a dor da criança, ficou desfilando impropérios, aumentando ainda mais o inconformismo do garoto. Tão desastroso quanto o repórter, sem nenhum tato pra lidar com o sofrimento do petiz, que só queria um minuto com seu grande herói.
Então, vamos por partes.
O mencionado Éder foi o autor do gol que deu a inédita Eurocopa a Portugal. Porém não foi tão simples. CR7 saiu de campo, substituído por lesão logo no início, mas quem entrou foi Ricardo Quaresma. Ou seja, nem opção direta Éder era. Este só pôs os pés no gramado no segundo tempo. E na prorrogação, ele se consagrou.
Nascido em Guiné-Bissau, o atacante de 28 anos joga no Lille, time francês (que ironia do destino...), e nunca foi um jogador de muito destaque ou mídia, se comparado a outros futebolistas não só na própria França, mas também numa conjuntura de futebol português. Ao contrário, estava sendo alvo de críticas pesadas entre os patrícios. E eis que ele "se redime" com o gol histórico. É natural que após algo assim um jogador fique conhecido e ganhe muita visibilidade.
Porém talvez não fosse assim para aquele menino. Pois pelo que entendemos, ele não é apenas fã por causa daquele gol e sim porque acompanha Éder de perto. A forma como ele falou do camisa 9 luso foi muito forte. Imaginamos ele acompanhando os jogos do Lille pelo campeonato francês e também vendo seu selecionado em campo, certamente torcendo para que o atacante jogasse, e a felicidade em vê-lo em campo justamente naquela final. Julgamos impossível mensurar o êxtase de ver seu ídolo anotar no placar o tento que entrou pra história.
O mundo do futebol realmente é capaz de coisas fascinantes. São fatos como os narrados que nos fazem ter a certeza de que é preciso que se tenha um olhar melhor para o futebol como um todo. Costumamos escrever muito sobre o que acontece no Brasil, mas quando tomamos conhecimento do que rola mundo afora, temos a certeza de que essa paixão pelo esporte bretão não conhece nacionalidades. Atinge a todos da mesma maneira.
Quem poderia imaginar que entre tantas crianças que acompanham futebol estivesse ali alguém que demonstrasse tanto carinho por um jogador praticamente desconhecido? Pois se fosse a estrela da companhia não seria nada espantoso, ou se fosse pelo menos futebolistas como Quaresma, João MoutinhoNani, que são mais conhecidos... E, no entanto, Éder, pra além da façanha, é o preferido daquele lacrimejante e anônimo menino! Que loucura, não? Pois bem, essa é a loucura que move uma paixão chamada futebol. Paixão que infelizmente tem sido vilipendiada pelo mundo dos negócios que conhece muito a grana, mas não sabe o que é linha de fundo. E nem procura saber...
E assim, finalizamos esse texto esperando que Éder tenha tomado conhecimento desse fato e que possam promover um encontro dele com seu fã-mirim para que este deixe a revolta de lado e se emocione em estar diante daquele que pode ter sido um herói improvável para o mundo inteiro, mas que pra ele será sempre eterno.

  
Docentes decentes

Já tinha um tempo que queríamos falar sobre a greve dos professores da rede estadual do Rio de Janeiro, mas não nos sentíamos capazes de dissertar mais à vontade, embora tenhamos recebido centenas de informes durantes esses cinco meses de paralisação, todos diretamente de amigos professores. O lance é que nós desejávamos ter ido a uma dessas inúmeras assembléias da categoria a fim de termos a noção exata do clima in loco, o que infelizmente não foi possível por questões particulares. Ainda assim, gostaríamos de redigir umas linhas sobre o fato, a fim de não passar totalmente em branco (embora tenhamos tocado no assunto em outras malacas com citações transviadas, como aconteceu no ensaio do mês passado).
Soubemos pelos amigos de sempre da decisão em plenária de uma pausa na greve. A votação foi apertada: Suspensão: 792; Continuação: 503; Abstenção: 38. A quadra da escola de samba São Clemente foi o palco da maioria das assembléias do corpo docente estadual e mais uma vez ontem foi debatida a questão do prolongamento da manifestação em prol de melhores condições de ensino e trabalho. Comentava-se "à boca pequena" que a tendência era isto acontecer, uma vez que o desgoverno estadual já tinha jogado muito duro contra a moçada, com os cortes e outras admoestações advindas desta postura dos professores, e que muitos já sinalizavam voltar às atividades por motivos diversos, fora o desgaste natural pelo tempo transcorrido.
Ainda que não tenha sido "a maior paralisação de todas" (alguns mais antigos se recordam de algo similar no desgoverno Moreira Franco), sem sombra de dúvidas há anos não se promovia um ato como este, que ao mesmo tempo em que foi extenso teve adesão firme da categoria. Observem que a própria decisão foi bastante "equilibrada" (cerca de 59% quis suspender a greve) e tal número nos mostra que os professores em geral não se dobraram facilmente em relação a recuos. Segundo alguns amigos, "se em termos financeiros não houve muitos avanços, em termos acadêmicos as coisas deram uma melhorada, o que é um grande alento para muitos".
Sempre recebemos informes da galera e muitos depoimentos. E para nós, o símbolo de tudo que se passou com a categoria docente foi uma carta duma professora que aderiu ao movimento, numa franca resposta àqueles que não estavam conseguindo segurar a marimba e principalmente aos que, de forma inacreditável, criam que tudo aquilo era "pura perda de tempo". Além, claro, da infame e sempre presente pelegada.
Ela conta que estava passando por diversas dificuldades: óbito na família depois de muita luta no tratamento do enfermo; falta de condições financeiras em casa, já se refletindo nos estudos da filha; a própria saúde muito fragilizada; e poucas esperanças num aceno positivo por parte do desgoverno. Ainda assim, ela se mantinha lá firme e forte, estimulando novas adesões, esfregando na cara da pelegada que era mais fácil pensar no próprio umbigo, e apelando para que os colegas não desistissem tão facilmente da trincheira.
E o mais impressionante nessa carta era o tom de entrega que não deixava dúvidas: se fosse o caso de morrer ali, junto com os colegas, que assim fosse, pois pelo menos ela estava entregando sua vida a uma causa justa. Ela entendia perfeitamente o fato de que muitos ali, marinheiros de primeira viagem (ou professores de primeira aula...) não estavam habituados a fazer greve ou de passar tanto tempo numa. E justamente por isso ela se sentia na "obrigação" de fazer esse trabalho de formiguinha junto aos colegas para que o foco não fosse perdido.
O impacto das palavras daquela professora (cujo nome agora infelizmente não nos recordamos, apagamos acidentalmente o texto de nosso celular) nos sensibilizou sobremaneira. A ponto de termos espalhado tal testemunho em nossos grupos de zazap. Fazia tempo que não líamos algo tão contundente e humano em termos de conscientização. E não se tratava de corrente de Internet: a professora existe, tem nome e sobrenome, confirmou cada palavra, e é tão real quanto tantos e tantos outros profissionais da educação que têm de ter mais de uma matrícula e fazer das tripas coração para sobreviver e formar seres humanos que podem vir a ser professores também.
E a mais dramática de todas essas constatações é que toda essa luta teve outros componentes como a propaganda difamatória em cima da categoria feita pelo maldito PIG, estimulando o descrédito e a desmoralização da categoria perante a população. Parte dela bovinamente acreditou nos telejornais e portais da globbels e se prestou a papéis realmente asquerosos, como aplaudir o Estado transformar policiais em jagunços para acabar com os atos.
A própria questão da ocupação das escolas pelos alunos, em concomitância com a greve e com endosso a esta, também foi tratada de uma forma tão biltre, mesquinha e pequena (e novamente com PAIS DE ALUNOS aplaudindo a polícia fazendo papel de capitão-do-mato pra cima dos discentes!!!), que nem vale a pena comentar mais...
E sem contar também com a omissão ainda mais lamentável dos demais colegas servidores do Estado, muitos tão humilhados quanto os professores. Nem mesmo por solidariedade estatutária foram capazes de um gesto de apoio ainda que velado. Ao contrário, endossaram as atitudes perniciosas do mesmo desgoverno que só não passou o cerol fino em geral porque esses mesmos setores são praticamente "imexíveis". Setores estes que de forma extremamente cômoda, em sua zona de total conforto, fecharam os olhos para a dura realidade do funcionalismo público como se não corressem riscos. Coitados, o tempo mostrou que estão na mesma canoa furada, masssssss... deixemos esses tolos pra lá, voltemos a quem merece nosso respeito.
Por conta de tudo isso, apesar de tudo que se passou, queremos aqui parabenizar e aplaudir de pé com todo louvor professoras e professores que se dispuseram a lutar pelos seus direitos com toda bravura e dignidade, contra tudo e contra todos:

1.     Enfrentando, confrontando e afrontando o status quo vigente e amaldiçoado, em prol de sua própria sobrevivência, já que não trabalham de graça como voluntários, tem contas a pagar e lazer pra abstrair a mente como qualquer trabalhador (lembremo-nos que "a gente não quer só comida");
2.     Tentando conscientizar a população de que não são inimigos e sim que o inimigo é outro (os alunos das ocupações entenderam isto com muita facilidade), e assim mostrar a toda a uma coletividade de que são as verdadeiras e inequívocas vítimas desse sistema perverso porque desigual a quem são submetidos todos os anos;
3.     E, na medida do possível, calando a voz pelega, amiga do desgoverno, inimiga da categoria, pessoas sem nenhum tipo de comprometimento nem mesmo consigo próprio, quanto mais com a educação, já tão vilipendiada com tantas decisões absurdas e ameaças tão graves quanto a do tal projétil "escola sem partido". Sim, um projétil, porque foi feito para ser lançado como uma bala de fuzil no quase moribundo ensino público, para matá-lo de vez.

Aos nossos mestres, educadores e demais profissionais de educação o nosso saravá!!!

E pra fechar...

EM TEMPO!!! Pois entendedores entenderão:
Só aceita arrego quem é pelego; e quem é pelego jamais poderá ter sossego!!!

Salam'maleik, moçada!!!