terça-feira, 11 de outubro de 2016

o dia da maldade 1

Nunca foi tão fácil governar

10 de outubro de 2016.
Instituído no Brasil o dia nacional da maldade.
366 SIM. 111 NÃO.
111. Atentem para este número.
A PEC (proposta de escravidão contemporânea) 241 foi aprovada em primeiro turno na Câmara e a tendência é ser aprovada novamente para depois ser confirmada pelo Senado.
De nada adiantou explicar.
De nada adiantou ser contra.
De nada adiantou dizer em português bem claro e chulo "vamos nos f...!!!"
E agora, o que dizer?
Deixamos que meu caro afroameríndio Alberto Patrício faça as honras:

Onde estão as panelas?
Onde estão as camisas selenike?
Onde estão os cartazes "Cunha é meu amigo"?
Onde estão os discursos de "intervenção militar constitucional"?
Onde estão as selfies com a Polícia Militar?
Onde estão os festivais de relinchos tão bem publicados pelos Jornalistas Livres?
Onde está essa galera que era tão indignada "contra tudo que está aí?"
PARABÉNS, "MILITANTES". SEUS PRIVILÉGIOS ESTÃO GARANTIDOS NUM PRAZO DE, PELO MENOS, 20 ANOS.
Lutemos para não voltar às senzalas, mas para nos aquilombarmos mais ainda!!!


À espera de um milagre, isto é, a primeira panela a ser, pelo menos, pega para ser tocada.
Nós avisamos.
Sem mais.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

punhos cerrados, peito adornado

Um simbólico e forte gesto, ao lado de outros dois também marcantes

Olimpíadas de 1968 no México.
Na foto do gesto heróico dos famosos negros estadunidenses John Carlos e Tommie Smith no pódio dos 200 metros rasos está também o "desconhecido" Peter Norman. Mas o que poucos souberam é que se tratava de um branco australiano que de forma incógnita aderiu a um dos mais marcantes protestos contra o preconceito racial e pagou um preço altíssimo por isso.
Naquele longínquo 1968, a disputa para saber quem era o homem mais rápido do mundo foi marcada por quebras de recordes e uma batalha quase particular entre Smith e Norman. Quando o australiano estabeleceu o recorde mundial (ainda hoje é o homem mais rápido da Austrália), o estadunidense não deixou por menos e baixou o tempo nas finais, que já era impressionante para a época (foram 19.83 contra 20.06 de Norman). Carlos foi o terceiro colocado.
No entanto, o que era pra ser apenas um feito esportivo para a história, se tornou um feito histórico para o esporte. A dupla norte-americana resolveu aproveitar o momento em que seriam vistos por milhares no estádio e milhões ao redor do mundo e evocou o gesto dos Panteras Negras, o partido que combatia implacavelmente o preconceito racial nos EUA. Punhos em ristes, luvas-símbolo do partido, eles silenciaram todo um estádio que já ensaiava cantar o hino estadunidense pelo triunfo de seus compatriotas.
Ao mesmo tempo, numa atitude que causou total surpresa para os dois atletas negros, o caucasiano Norman pediu para participar daquele ato à sua maneira. Ele conseguiu um dístico da campanha "Projeto Olímpico para os Direitos Humanos", do qual Carlos e Smith faziam parte, e o ostentou no pódio como uma medalha de ouro para todo o mundo vir.
A partir daquele instante, nada mais seria como antes, especialmente para Norman. Se para Carlos e Smith a perseguição era certa por serem negros (foram banidos da delegação estadunidense e ameaçados de morte em seu país), para o australiano não podia ter sido mais dramático. Preterido em seu próprio país, que a exemplo da África do Sul, praticava uma rígida política de apartheid, ele foi sistematicamente boicotado, a ponto de sua família ter sido perseguida e ele, além de não ter ido aos jogos de Munique em 1972, nem mesmo foi lembrado para fazer parte do comitê dos jogos olímpicos de Sydney, em sua terra-natal, em 2000.
Sabemos que as olimpíadas já acabaram. Porém julgamos pertinente essa nota, que redigimos durante os Jogos e guardamos para publicar hoje.

Carlos e Smith ainda estão vivos; Norman nos deixou há 10 anos completados ontem. Porém o legado desses três permanece vivo e atual. Por um mundo com mais coragem, humanidade e, acima de tudo, respeito ao próximo!