segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

triste sampa

Hoje em São Paulo, o tempo é tão ruim...

Salve salve minha gente amiga!
A primeira malaca do ano infelizmente tem um tom de tristeza. É fato que assuntos não faltam em termos dessa sensação de banzo de fim de feira, mas queremos destacar este, em solidariedade à cidade que começa 2017 como se estivesse vivendo apenas pro último suspiro.
Pois esse ano o aniversário de São Paulo tem tudo pra ser um dos mais tristes de todos os tempos. Entre tantos e tantos motivos, um em especial se levanta e chama a atenção pelo absurdo que ocorre sem que haja reação aparente: os grafites, manifestações culturais que são a cara da cidade, estão sendo apagados.
Símbolo de uma cidade, marca de um movimento. Pois assim como a maior metrópole latinoamericana sofre um duro golpe (como essa gentalha emplumada gosta de um golpe, pelamordedeus...), o hip hop também assiste chocado e bestificado uma de suas expressões ser substituída por uma cor tão incolor quanto o cinzento dos ônibus cariocas, um mau gosto que só não causa mal-estar em quem está mal-informado.
O mais incrível é o silêncio dos órgãos culturais da cidade. Se bem que é possível que a grande mídia PIG, como sempre, esteja ignorando e abafando ao máximo esse estado de coisas, suprimindo cartas, moções, etc., trazendo a impressão de que "a cidade que nunca pára" está a favor do avanço do atraso. Como se fosse tão simples detonar um cartão-postal.
Quando estivemos em Sampa pela primeira vez, o grafite foi o aperto de mão que trocamos com a cidade ao conhecê-la. E agora, cortam-lhe os pulsos de forma inclemente.
Aliás, é um golpe de lâmina enferrujada em quem saiu de sua casa apenas para dar seu recado. E não foram apenas brasileiros: gente do mundo inteiro veio aqui e deixou sua obra-de-arte como uma forma de dizer "viva a cultura de rua!".
Enquanto isso, alguns aplaudem a barbárie na página do alcaide recém-empossado, espancam panelas comemorando a morte da arte marginal, morte mais que criminosa praticada por marginais eleitos, muito mais nocivos que a marginália que deu cores e formas e alegrias a muros, paredes, pilares, vigas e outros mais.
"São Paulo e essa gente tão só", assim cantou Wando, só que nunca o paulistano se sentiu tão solitário.
"Não existe amor em SP", assim declarou Criolo, agora só existe ressentimento.
Garoa virou dilúvio de lágrimas. O "túmulo do samba" é hoje a cova rasa do grafite.
Triste Sampa.