Salve salve gente boa!
Aqui mais uma
vez fazemos um apanhado de fatos que nos chamaram atenção e que merecem ser
mencionados e debatidos. Fiquem à vontade para opinar, concordando ou
discordando. Aos fatos!
É
preciso saber musicar
Durante a
cerimônia de abertura das Paralimpíadas
(emocionante, por sinal), houve um momento em que a versão asséptica música "É preciso saber viver" foi
executada pela voz poderosa e singular de Seu
Jorge. Gostaríamos de comentar sobre essa música com mais profundidade.
Infelizmente o
ex-vocalista do grupo Farofa Carioca cantou (embora com muita competência como
sempre) uma versão com o mesmo arranjo sem sangue e sem alma que foi feito primeiramente
pelos Titãs já em fase de mortalidade com tez acústica e que caiu nas
graças do povo "inexplicavelmente". Entre aspas mesmo porque é
evidente que a mídia jabazeira fez bem sua parte e a exposição que o grupo
paulistano teve em rádios e TVs com essa versão foi enorme.
Particularmente
nós nunca gostamos dessa versão feita pelos roqueiros
oitentistas, embora gostemos bastante dessa música. Canção composta nos anos sessenta
por Roberto e Erasmo Carlos, "É
preciso saber viver" foi primeiramente gravada pela dupla jovem-guardista Os Vips em 1968, com uma pegada de rock
psicodélico, seguindo a tendência do rock britânico da época. Os irmãos
Marco e Ronaldo Antonucci interpretaram com maestria a canção de tom pacifista,
um tom que era tendência na época, rescaldo do flower power que tomou conta do mundo e foi bastante ampliada
graças à gravação de "All you need is love" ao vivo em formato de
clipe pelos Beatles em 1967.
Dois anos
depois da gravação dos Vips, o trio-símbolo da Jovem Guarda (Roberto, Erasmo e Wanderléa) usou esse mesmo arranjo,
executado pelos irmãos blue caps Renato e Paulo César Barros, para
cantar o rock ao fim do filme O diamante cor-de-rosa. Graças às
cenas em que eles aparecem interpretando o rock, todos vestidos de forma bem
"paz e amor", a letra pacifista pra sempre ficou associada a
psicodelismo e hiponguices.
As versões do
duo Antonucci e do trio bárbaro em comum também têm em comum um trecho que foi
excluído de gravações posteriores:
"Mas se você caminhar comigo
Seja qual for o caminho eu sigo
Não importa aonde eu for
Eu tenho amor, eu tenho amor..."
Em 1974,
Roberto gravou uma versão para seu elepê, que consideramos excelente porque tem
uma pegada de rock setentista com os motivos hippies que são marca da época. Esta já não continha o trecho que
mencionamos acima, mas também ficou bem popular à época.
Foi em 1998,
que os Titãs resolveram regravar a canção, usando esse arranjo sem vida e se tornando
um sucesso total em todo o país. Gravada no disco Volume dois, essa canção deixou de ser um hino hippie para se
tornar uma música de tratamento psicológico, de terapia em grupo, tal o tom desanimado que Paulo Miklos
pôs na voz ao interpretá-la (e olha que ele tem muito punch). O Rei, já em fase de negação dos
hits e arranjos mais rascantes, também aderiu a esse lance. Se bobear, ele em
pessoa deve ter convencido os já mortais Titãs a gravar desse jeito, quando estes
foram-lhe pedir autorização para gravá-la. Afinal de contas, como seria
reproduzir um espírito presente nas gravações nervosas de "Bichos escrotos" ou "Porrada" no RC de
fim-de-ano?...
É uma pena que
não se dê a "É preciso saber viver" uma roupagem condizente com sua motivação
roqueira/hiponga/pacifista. Defendemos explicitamente as versões mais antigas,
condizentes com o clima da canção e em total acordo com a época ida. Triste
entender que essa versão asséptica e pasteurizada
feita pelos mortais Titãs é a que dá o tom. Uma versão que matou totalmente o
espírito transado da parada, de tão livro
de autoajuda que ficou. Que horror... Brrrrr!!!
Quero
ver você escutar...
Era tarde.
Não lembro o
mês, mas o ano era 1991.
A TV estava
sintonizada na Bandeirantes, mas não estávamos assistindo nada em especial. Em verdade, estávamos fazendo algum
trabalho de escola e minha mãe assistindo Sílvia
Poppovic (alguém lembra, será que ainda é viva?!?).
O fato é que
resolvemos dar uma descansada na sala e eis que uma propaganda da gravadora RGE (extinta, tendo seu catálogo todo
comprado pela SomLivre) nos
chamou muito a atenção. Eram dois lançamentos de samba "para fazer sucesso
nos churrascos e quadras de todo o país". Um dos lançamentos realmente não
me recordamos (pode ser um dia o youtube nos ajude nisto, eles ressuscitam cada
parada...); mas o outro, esse sim foi marcante e realmente foi o embrião de uma
descoberta que fizemos anos depois em termos de músicas que ouvimos, pesquisamos
e cultuamos e que mais tarde seria nossa escola de violão pra sempre.
O que nós lembramos
da primeira aposta da RGE é que era um grupo de samba de raiz; a segunda, era
uma sonoridade de samba diferente do que conhecíamos. Uma levada incomum de
samba, uma batucada rítmica diferente, outra marcação de surdo, sem aquelas
viradas de repique muito características de um bom pagode – aliás, de pagode
como entendíamos pouco aquela música lembrava. Sem contar com o som do violão,
bem diferente do que já tínhamos ouvido antes. "Quero ver você chorar / Sem
carinho e sem amor..." foi o trecho que ouvimos daquele samba,
cheio do que depois descobriríamos que era um teclado com um sax (ainda não tínhamos
muita noção de instrumentos musicais). Era a Banda Raça Negra, segundo
a propaganda.
Atraídos pelo
som, resolvemos juntar uns trocos da mesada. Havia uma loja
de discos na Oldegard Sapucaia, rua da escola em que estudamos, e tendo juntado
o suficiente, conseguimos arrematar aquele elepê. A capa preta trazia os seis
integrantes (Fininho, Fernando, Luiz
Carlos, Gabu, Fena e Paulinho) vestidos como pagodeiros, executando seus
instrumentos (tumbadora, tantã, violão, pandeiro, surdo e baixo,
respectivamente). Na contracapa, eles se repetiam e mais dois elementos
fechavam o ciclo, o tecladista (Júlio
Vicente) e o saxofonista (e também flautista Irupê). Músicas autorais, tendo Luiz Carlos como principal
compositor, sendo ele o compositor da música que nos chamara a atenção.
Chegando em
casa, pusemos o disco na vitrola e, como sempre fazemos quando tem novidade, ficamos
sentado diante da radiola ouvindo o som atentamente. Em geral, ouvimos duas
vezes: a primeira para saber se está perfeito, sem nenhum arranhado (a gente
podia trocar, dependendo da avaria, lembram?); e a segunda com mais atenção às
músicas em si. Hoje em dia, a primeira audição já não nos importa muito... Mas podemos
dizer que naquele dia ouvimos umas três vezes, repetindo as músicas mais
significativas, como a que abre o disco ("Quero ver você chorar"),
"Somente você", "Chega", "Carência" e "Sem
motivo". E a partir daquela audição, passamos a acompanhar todos os
trabalhos dessa banda paulistana, tendo do primeiro ao sétimo disco.
Depois soubemos
que em Sampa eles já tinham um tempo de carreira e já eram muito conhecidos,
porém podemos dizer que curtimos o som do Raça Negra "antes de todo mundo"
aqui no Rio. Ninguém jamais tinha ouvido falar na banda: perguntava a colegas e
nada; meus parentes também nada; nem a propaganda na Band, ninguém viu... Era
como se somente nós conhecêssemos a rapaziada, hehehehe!
E o curioso é que essa
banda foi quem nos abriu caminhos para que hoje sejamos adeptos incontestes do samba-rock, tendo feito o caminho
inverso da maioria. Pois foi através do balanço da Banda Raça Negra que
descobrimos o swing de Bebeto e
depois o violão de Jorge Ben. Costumamos dizer que, sem se dar conta, o Brasil foi reapresentado o samba-rock graças ao sexteto. Anos depois, outras bandas também surgiram no cenário, propagando o balanço característico desse tipo de som.
E de forma sui
generis, descobrimos uma vertente da música brasileira popular, uma forma contestadíssima
de se fazer samba. Afinal, nosso primeiro contato com o samba-rock (um ritmo em
si controverso dentro das rodas de
bamba) foi a banda que a maioria esmagadora de nossos amigos detesta e que os
"puristas" da MPB se recusam a chamar de música ou mesmo de samba
(não exigimos dos incautos saber distinguir samba ou pagode do samba-rock,
hehehe!). Não importa, pois é assim que a gente encontra terreno fértil para
ofender pessoas, ainda mais quando nos pedem pra pôr um som... HAHAHAHAHAHAHAHAHA!!!!
Bom, essa é a
resenha musical do mês. 25 anos do primeiro trabalho registrado de um dos maiores
fenômenos de música popular no Brasil, um disco que fizemos questão de ter e
que não permitimos que ninguém fale um ai!
Nesse ponto somos extremamente sectários: fale mal do som do violão e dos teclados
da banda que a gente põe uma seqüência de pagodes paulistas anos 90 à moda Rádio Tropical...
Divirtam-se
ouvindo o disco número 1 da Banda Raça Negra, com uma gelada no copo e uns petiscos
no prato... e babem de ódio (e recalque) da voz marcante de Luiz Carlos!!!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAAAAA!!!
E a
culpa é do...
Estávamos
assistindo o Jornal da Band mais cedo e soubemos que Marcos Valério (o do mensalão) foi depor diante de Sergio Moro. Papo vai, papo
vem, falaram de um elemento que estava associado ao finado prefeito Celso Daniel. Pelo que entendemos, o
tal elemento estaria chantageando numa só tacada Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho (um dos homens de
confiança no governo Lula).
Ficamos
matutando aqui em casa como a direita conseguiu se apropriar do cadáver de
Celso Daniel. É como se o falecido
prefeito de Santo André fosse do PSDB ou do DEM ou do PMDB. Incrível como
falam da morte desse homem com um denodo, uma reverência. Que surto de distinção a CD é esse que acometeu esses cretinos??? Que preocupação toda é essa em vir esse crime esclarecido?!?
E por que isto
nos incomoda? Não, não estamos defendendo com histeria a inocência do PT – ao
menos não estamos sendo rasos em tal
defesa, se estivéssemos aqui debatendo sobre a tal culpa... Apenas é muito
curioso esse quase pedido veemente de
justiça pelo que aconteceu a Celso Daniel. Estão mais indignados que os próprios petistas. Só falta a gentalha golpista
puxar uma passeata em prol do falecido, que certamente tinha pensamentos que
passavam longe de qualquer neoliberalismo que a corja defenda...
Os motivos
parecem óbvios. Eles alegam que o PT é uma máfia e pra isso usam o assassinato
de Santo André como prova. Usam os
problemas do próprio partido para pulverizá-lo. Que os incautos não se
iludam: não se trata da vontade de se
ver esclarecido esse crime, que ainda está envolto em muito mistério. É
somente e tão somente mais uma arma para ser usada pelos canalhas de plantão. E
é lógico que o PIG é de fundamental importância nesta campanha, reforçando ainda mais essas noções com suas matérias extremamente tendenciosas.
Querem um
exemplo de que nem tudo é o que parece? Imaginem se Aécio Neves amanhecesse morto amanhã. Assassinado brutalmente ou simplesmente de modo que deixasse a nação toda estupefacta. Será
que alguém acusaria (ou ao menos desconfiaria de) José Serra, seu adversário declarado dentro das rodas da alta
plumagem tucana? Um sujeito que nem mesmo pisou no palanque do colega à época
do último pleito presidencial e que só o fez depois porque pegou mal a rodo? Claro que não!!! Repetiriam o mantra ad nauseam "A culpa é do
PT!!!" - e ai de quem insinuasse de um assassinato encomendado
internamente, exatamente como fazem com o Partido dos Trabalhadores em relação
a Celso Daniel. Algum bobo alegre ou caneta-de-aluguel (ou ambos em um só...)
se prontificaria em escrever um textão falando sobre "como as hostes petralhas
odiavam o neto de Tancredo". E o PIG em pouquíssimo tempo teria "acesso aos
arquivos e escutas telefônicas que evidenciam uma possível conspiração de
oposicionistas ao senador"...
Portanto,
fiquemos muito atentos e desconfiados quando o assunto for Celso Daniel. Porque
se essa gentalha está tão empenhada em deixar claro que quem puxou o gatilho
foi o PT, é porque aí tem!!!
E pra
fechar...
Façamos as
contas.
367 disseram
SIM ao golpe em cima de Dilma Rousseff. 137 disseram NÃO.
450 disseram
SIM à cassação de Eduardo Cunha. E apenas 10 disseram NÃO.
É evidente que
quem disse NÃO ao golpe votou a favor da cassação. Ou será que até nisso teve
contrassenso? Não acreditamos. Portanto, os que queriam a cabeça de Cunha tiveram uns bônus de pelo menos 313 deputados favoráveis ao golpe.
(Essa constatação nos fez ficar contidos em relação a comemorar a cassação, inclusive. É menos um calhorda no poder, mas...)
Então vejamos:
Não foi
justamente por causa da decisão do então
presidente da Câmara que o golpe foi pra frente? Os 367 que disseram SIM, com efeito, têm
uma dívida de gratidão com Cunha,
pois não teriam tido o prazer de votar naquela sessão onde falaram em nome de
tudo para tirar Dilma do Planalto, com uma mídia que certamente 70% dos que
disseram SIM jamais teriam em outra ocasião. Ficaram nacionalmente conhecidos
por representarem tudo que falaram nos discursos antes do SIM. Pois é... E no
entanto somente DEZ se puseram como aliados declarados do deputado.
PERGUNTA: e os outros 357, por que não se apressaram pra
tentar salvar o meliante da degola?
CONCLUSÃO: Eduardo Cunha foi TRAÍDO!!! Por que não
estamos surpresos?
Cartas à
redação.
7 comentários:
Os traidores do golpe devem estar cantando aquele funk agora:"traição é traição, romance é romance, amor é amor e o lance é o lance."
Não gosto do pagode anos 90, mas é inegável a influência do Raça Negra neste movimento. Tenho mais implicância com os temas das letras do que com a sonoridade.
"É preciso saber viver" entrou numa piscina de água com açúcar depois dos Titãs. Totalmente dispensável.
Excelente amigo!
vamos lá:
1- "É preciso saber viver" versão Titãs é tão emocionante quanto livro de auto-ajuda... dispensável...
2- Raça Negra é classe A! memória afetiva de domingo na Tropical.
3- Fora Cunha foi a festa da traição... Joaquim Silvério dos Reis ou Judas fizeram escola!
Vou ver se escuto a música no hit psicodélico.
Lembrei da música "Que país é esse" cantada pelos Paralamas do Sucesso. Ficou ótimo.... uma merda. É um tipo de música que não combina com o estilo musical dos Paralamas.
Outra música que vale a pena comentar é a "Como nossos pais" do Belchior e cantada por Elis Regina. Vi Belchior cantando ela é.... ficou uma merda. Vi outras pessoas cantarem e.... nada que se aproxime da interpretação dada por Elis Regina. Acho que o Belchior fez essa música sob medida para ela.
Inacreditável. A lamentável crítica à interpretação da música de RC e cia. pelos Titãs com direito à aula de história musical e logo abaixo uma exaltação igualmente lamentável a um baluarte do samba-produto; samba-mercadoria, como se o Raça Negra fosse Noel Rosa... Realmente, inacreditável.
E a casa cai...
Melhor Lula começar a comprar tênis novos... São Bernardo do Campo-Curitiba tem é chão...
Noel Rosa. Ah sim, aquele túnel em Vila Isabel.
Sinto cheiro de falta de transadice ao nosso visitante ilustre... Gustavinho, vc deveria beber uma gelada no Engenho da rainha...
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