Salve galera!
Mais uma vez, abrimos
espaço orgulhosamente para nossos leitores, dando voz a quem não tem.
Dessa vez,
nosso amigo Renato Romano faz uma
acurada análise sobre a conjuntura, com um enfoque e um vernáculo um pouco diverso
de nossos redatores.
Esperamos que
os amigos gostem do texto e que fiquem à vontade para concordar ou discordar
das idéias de nosso caro companheiro.
Aos
fatos!
A CONJUNTURA DO GOLPISMO
Renato Romano
A grande
possibilidade de políticos envolvidos na Lava Jato serem anistiados no âmbito
do Congresso, somada ao arrefecimento ou mesmo inação dos órgãos judiciários
diante de novas evidências de corrupção em componentes da cúpula do governo
ilegítimo de Temer, parecem confirmar-nos o óbvio: a existência, sob a tutela
judiciária e política, de um projeto de poder que encontra seus alicerces
surpreendentemente fortes, na conivência dos órgãos políticos, latu sensu, com a ilegalidade e a
ilegitimidade.
É muito
constrangedor verificarmos que as instâncias que deveriam resguardar a ordem
republicana contra quaisquer afrontas investem todos os seus poderes e recursos
de forma seletiva, atingindo determinados grupos políticos em prol de outros,
derrogando os princípios informadores da justiça como uma transcendência que,
na esfera pública, deveria prevalecer sobre interesses particulares ou mesmo de
certas coletividades.
Como
desdobramento da particularização da justiça, agora nas mãos de um determinado staff judiciário-politico que encontra
sua suposta legitimidade no senso comum, observa-se certa e imprópria
discricionariedade na aplicação de princípios basilares do direito público,
como o in dubio pro reo, o qual foi
derrogado quando da aceitação do julgamento político de Dilma pelo Senado, e
tem sido cuidadosamente, por outro lado, observado por órgãos judiciários de
diversas instâncias, com relação a políticos que se atrelam ao projeto de poder
do governo ilegítimo.
Respaldando, de
certa forma, a desigualdade de medidas dos julgados para os diferentes grupos
políticos, o aparato midiático, de grande influência na opinião pública, tem
prestado enorme desserviço a uma compreensão mais lúcida e equilibrada do atual
cenário da política brasileira, o qual, eivado de forte polarização e falta de
diálogo entre duas "supostas" tendências antagônicas, tende,
perigosamente, a ter ressonâncias fragmentadoras para toda a sociedade, pelo
arrefecimento dos já tênues laços de solidariedade que têm marcado nossa vida social,
pelo menos desde 1988.
Assim sendo, o
desmonte do pacto previdenciário, a reforma trabalhista com todos os aspectos
draconianos que trará em seu bojo, a privatização de ativos públicos sem as
contrapartidas necessárias (se é que as há) são alguns dos principais pilares
que os agora legitimados (porém, inerentemente ilegítimos!) agentes
governamentais poderão implantar ou cuja implementação podem ensaiar, contando
para isso com o beneplácito de grandes parcelas da sociedade que já não
entendem mais a República, em última instância, como um valor, preferindo
escudar-se com seus particularismos em instâncias decisórias que tendem a
reforçar soluções excludentes e corporativistas, em detrimento de uma visão
mais ampla do corpo social.
A existência
respaldada de instâncias políticas que flertam com o autoritarismo e com os
particularismos parece, portanto, ressoar a vocação de amplos setores da
sociedade brasileira com tais valores, reforçando os liames de um Estado
schmittiano, supostamente forte porque atuante no atendimento de demandas
particularistas e patrimonialistas.
Um comentário:
Excelente texto. Estamos vivendo um golpe juridico-midiatico.
A população está num grande vácuo. Os que se posicionam contra a situação não estão conseguindo acumular potencia em sua resistência... não estão conseguindo barrar nada... Os que corroboraram para a situação também não devem estar plenamente satisfeitos, mas como não acreditam mais na democracia (eles acham que acreditam), não se mobilizam...
Escreva o que estou dizendo: acredito que o pacote de maldades acontecerá sem a participação do congresso... será na canetada... os deputados e senadores ainda tem uma certa influencia da opinião publica... Temer, por estar inelegível, tem carta branca... Para mim, esta condição (não que não deveria existir) foi mais uma prova da participação do judiciário neste golpe
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